A profecia cumpriu-se e Anaíd tem agora na sua posse o ceptro do poder.Mas isso não significa que as ameaças se tenham desvanecido e,numa viagem apressada,mas necessária,em direcção ao norte,a jovem compreenderá finalmente a razão de tantos enigmas na história da sua mãe.Um percurso atribulado que,ao ser finalmente revelado,desvenda também o segredo das suas próprias origens.
Depois de um primeiro livro intrigante e cheio de mistério,onde várias questões ficam pendentes,O Deserto de Gelo vem responder a muitas das dúvidas despertadas no livro anterior.E,ainda que a história de Anaíd não sofra um avanço significativo,uma vez que a vasta maioria do enredo se prende com o passado de Selene,não há qualquer perda de envolvência pelo facto de muita da história ser um grande recuo ao passado.
Selene tem uma personalidade difícil e é,em grande parte,a sua teimosia a razão das dificuldades em que acaba por se colocar.Ainda assim,acaba por ser fácil sentir por ela uma certa empatia,ante uma vida onde o clã (e,em particular,a sua mãe) parece quer controlar até os seus mais ínfimos movimentos.Além disso, é curioso notar alguns paralelismos entre as acções e os erros de Selene e os da própria Anaíd,anos mais tarde,assim como entre o comportamento de Deméter para com Selene e o desta para com a sua filha.
Muitos segredos são revelados ao longo desta história e,para lá das revelações que vão sendo apresentadas, a própria força do secretismo surge também como um factor de influência,já que a recusa em dar explicações(explicações que poderiam evitar algumas circunstâncias complicadas)parece ser uma constante entre as bruxas deste livro.Cria-se,assim, uma certa ligação entre os sentimentos (particularmente os de revolta) da protagonista e o leitor,já que a autora consegue transmitir esse lado enigmático de uma forma em que a curiosidade quanto ao que cada personagem persiste em esconder.
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